
Caros,
Àqueles que têm paciência e boa vontade de me ler, segue um pedaço de minh'alma.
Uma breve poesia que me ocorreu ao olhar para o sol, como ele se apresenta pra mim agora: Lindo, quente e intenso. Com capacidade de queimar - mas jamais intencionalmente - porém mil vezes me queimaria apenas para desfrutar de tanta vida que dele se origina.
Olhos meus
Há algum tempo, conheci olhos.
Olhos vivos e atentos,
Dos quais indebitamente me apropriei.
Nunca fui de me contentar com pouco.
Sempre dado a exageros, corpos não me pareciam tanto,
Quando súbito conheço olhos
Que ao incidir sobre os meus - ou apenas deitar nas minhas palavras, seguindo seu curso viva e atentamente – eram mais tocantes que mil aventuras.
Não sei o quanto daqueles olhos meus
Enxergavam suas as minhas palavras,
Os meus gestos
E os sorrisos de olhares meus.
Deito agora no descampado que ora sou,
No quarto vazio de onde retirei tudo que não mais se faz importante desde que existam eles.
E penso nos olhos.
Em pensamento – quimera anestésica que é – eles são tão meus quanto eu sou deles.
E, onde estiverem, em semi-consciência opto por crer que me enxergam.
No vazio que estou,
Após terraplanar todo o terreno que era meu,
Deposito esses olhos meus onde só eles cabem.
Lá, ainda que tomado por uma gestalt, que se apresenta apenas a quem assim enxerga,
Eles são meus.
E sorrio,
Intensamente como sempre vivi,
E vivamente como em loucos sonhos poéticos,
Sorrio.