O Brasileiro tem a alma de crítico. Na melhor das hipóteses.
Nunca realizamos, nunca fazemos, nunca buscamos, mas nos dá um imenso prazer detectar o erro alheio. Jamais o nosso.
Pessoa falou há décadas idas que não conhecia quem tivesse apanhado, ou sofrido humilhação, mas certamente conhecia muitos que batiam.
O Brasileiro é, típicamente aquele que bate antes de se lhe chegar o soco. Na verdade, antes de que se preparem para bater nele. Antes até de terem a intenção de o atingirem. O bater antes de apanhar, o não escrever para não ser criticado, o não criar mas reclamar da criação alheia, se dá pelo medo da exposição, geralmente.
Não gostamos de nos expor, temos o intenso medo da crítica. Escrever é se expor. Criticar é a salvação.
Criticar livros, é a perfeita fuga para quem quer simular que entende de literatura mas não quer se expor escrevendo. Óbvio, teme ser vítima da crueldade que impele. Quem critica literatura está destruindo o caminho que leva à mesma.
Muitos relacionam a crítica à inveja. Acho que tem lógica, claro, mas que não é fator decisivo. Nem todos que criticam "os crânios" em determinado assunto, queriam sê-lo. Poucos têm tão astronômicas aspirações. Querem apenas mostrar que são bons o suficiente para criticá-los e que o fato de não aventurarem-se em empresas nesse sentido dá-se apenas a um desinteresse. Um despretensioso desinteresse que nada tem a ver com inaptidão.
A inveja se vê mais facilmente na facilidade que a mídia tem em mostrar escândalos com ídolos. Qualquer um nota que é muito agradável enxergar nos ídolos defeitos graves que não temos. Ver abaixo de nós em termos morais, legais e etc. os que sempre vemos acima de nós em sucesso.
Mas, voltando à alma de crítico, creio estar esta mais ligada à indolência do que à inépcia.
Comodismo.
É muito mais cômodo conseguir notoriedade em certo assunto enxergando erros alheios do que iniciando algo nosso.
CEMECEMOS, ESCREVAMOS, CRIEMOS. Ainda que diletantes, ainda que trôpegos e sem maiores aspirações, busquemos a aclamação pelos nossos acertos e não pelos erros alheios. Que tal?
Não volte
Há um ano