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quinta-feira, 21 de março de 2013

Pensamentos vãos. Vãos?




Aqui estou de volta.

Amanheci com a inquietude de escrever, e decidi reativar o blog.

Espero que, os que me lêem, ainda que poucos sejam, apreciem meu retorno. E que tantos outros me comecem a ler.
Gosto de ler e escrever e a isso estou retornando.

Abastecerei semanalmente o blog, dessa vez é verdade.





Sobre a beleza e outras incertezas.

Amanheci, com a tradicional dicotomia me corroendo os neurônios.
Me senti péssimo quando notei que o sol me batia na cara, anunciando que eu dormira mais, MUITO mais do que deveria. Deveria porque?? O que me obriga a acordar cedo? Porque eu não posso acordar tarde sem sentir vergonha de mim mesmo porque tem gente trabalhando a essa hora?

Sento na cama, o suor escorrendo vagarosamente pela testa, preguiçosamente, como quem acaba de acordar e não tem objetivo nenhum para o dia, ele escorre dos cabelos até a boca, onde o sal da sua ociosidade me desagrada. Quando então me batem à porta do quartinho.

- Pode entrar, tá destrancado. – Grito de dentro, sem resposta.
Gira o trinco e o Carlão, sem dar bom dia, já entra falando.
- O ser humano é um puta de um bicho engraçado. – Fala enquanto acende um cigarro. Penso que deve ser o décimo cigarro do dia, quem sabe embalado já por algumas latas de cerveja matinal, quem sabe desde a noite passada de pé? E, inevitavelmente, como julga a humanidade, mesmo aqueles que dizem não julgar, penso – Que vagabundo. – Depois me cai a ficha. Acabei de acordar, de cuecas na cama com o suor me lambendo a testa às 11:30, como posso acusar alguém de vagabundo?
O suor escorre e eu sequer passo a mão para limpar, enquanto pergunto.
- Qual a graça, Carlão?
- Graça de que?
- Do ser humano, porra.
- Ah sim, é hilário, cara, hilário. Tem cerveja aí? – Jogando o cigarro pela janela sem se dar ao trabalho de apagar, ele abre minha geladeira, vazia como uma igreja. – Poots, tá al, hein? – Fazendo um esgar de nojo, observa quanto nada tem na minha geladeira.
- Parei de beber, porra.
- Uuuui, é o bacaninha agora? – Debocha Carlão, fazendo trejeitos de frescura. – Sabe o que a mulher veio me perguntar hoje de manhã? De manhã não, de madrugada, quando cheguei em casa, ainda bêbado? Essa é boa.
- O que, Carlão, fala. – Retruquei, ainda impaciente pelo suor proibido que me escorria a testa vagabunda.
- “Seja sincero. Eu sou bonita?” Olha que merda, meu irmão. QUE BOMBA! Sem enfeitar, sem fazer rodeio...assim como tô te falando. – Saca o segundo cigarro da carteira, acende e fita, pacientemente, a fumaça. – O que me diz?
- Cara, sei lá. Pergunta estranha pra se fazer de madrugada. E você, o que respondeu?
- Aí é que tá, - Levanta Carlão, com objetividade e determinação de político em comício. – Já tive namoradas horrorosas que achava lindas e namoradas lindas que não me diziam nada. Olhei pra ela e percebi que nunca havia pensado nisso. Nosso lance sempre foi outro. Respondi “Nunca tive tempo pra observar se você é bonita ou feia”. No que ela me correu de casa, na base da vassourada. Vê se pode cara, vê se pode.
- Porra, você nem disse que a mulher era bonita? Ela queria ouvir isso, Cara. – Respondi me achando sábio pra caralho, no alto das minhas cuecas e meu desemprego.
- Esse é o pulo do gato. A doida me pede sinceridade o tempo todo. Eu largo um PUTA DE UM ELOGIO e ela não entende. – Apaga o segundo cigarro num copo vazio, onde deixa a bituca, despreocupado.
- Elogio Carlão? Como essa porra é um elogio?
- Pensa, porra. No subjetivo. Se eu não tive tempo de achar ela bonita ou feia, significa que vejo nelas tantas outras razões para estar junto, que a beleza, nem importa, sequer tive tempo de notar.
- Caralho, Carlão. Romântico pra cacete. Explica isso a ela, mais tarde, que ela vai se derreter toda.
- E eu sou lá homem de voltar onde me botaram pra fora? Tomar no cú você e ela. E outra, vou sair daqui, onde não tem cerveja não me sinto bem vindo. – Diz, abrindo a porta, em franca retirada.
- Da próxima vai ter. Compro umas e deixo aqui pra quando você aparecer. – Minto para agradar.
- Sabe o que é mais engraçado? Ela é linda, cara. Só não tinha parado pra pensar. – Diz enquanto bate a porta. – Fui, e vê se compra cerveja da próxima vez, amigo de merda da porra.

Carlão saiu e me deixou, além do cheiro de cigarro e das cinzas no chão, um pensamento inquietante.
Quão paradoxal é o ser humano. Tenta, a todo tempo, objetivar o subjetivo.
Sou bonito, ou feio? Sou esperto, ou bobo? Sou vagabundo, ou não?
Se tudo é tão relativo, me questiono se em algum momento a namorada do Carlão vai entender o quanto foi bonito o que ele falou, ou se vai apenas se concentrar no que queria ouvir, enquanto pedia a sinceridade para a qual não estava preparada.
O subjetivo e o objetivo estão separados por um tênue, cortante e relativo “porquê”. Que pode pôr em cheque toda e qualquer certeza que dizemos absoluta.

Por que a mulher não seria bonita? Por que o Carlão não voltaria ao apartamento dela? Por que se pede a sinceridade quando se quer um agrado? Por que esse suor só me incomoda quando me salga a boca?

Pensado isso, finalmente limpo o suor da testa e falo comigo mesmo. – Você tá pensando demais. Precisa é de um emprego.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Diáspora sensorial


Olá novamente, amigos blogueiros.

Eis mais um texto. Misto de poesia, crônica e mera observação de mundo.
Sem mais, segue:





Há dias quem que a poesia se faz mais necessária em nossas vidas.

Amor, paixão. Não há movimento consciente que os impulsione.

É tudo uma questão de ponto de vista.

Os mais nobres sentimentos são vítimas da nossa diáspora sensorial.
O amor – Titã mutante ao qual vivemos buscando, porém somos cegos o suficiente para jamais encontrar - segundo alguns, nasce no coração.
Migra para as mãos que acariciam, se converte em calor e antes que possamos notar já está novamente no peito, onde por vezes descansa no conforto da cama que ele fez.
Há quando ele acorda rápido e abruptamente é paixão.
Inicia uma corrida.
Passa novamente pelas mãos, agora frias, volta ao coração de onde tenta escapar pelas paredes, causando batidas fortes, incessantes, irrequietas...
Navega no sangue por ele bombeado, corando faces, lábios. Borbulhando no sexo, corre para a pele de onde sai pelos poros em gotas doces de suor salgado.

Os pelos em arrepio indicam a onda causada pela pressão de sua passagem. Sua caminhada torna-se ainda menos calma. Seus passos de urgência são traduzidos pelos pulmões que resfolegam palavras doces, por vezes rudes (sem deixar de ser doces, respeitemos a licença poética das sensações) e por outras nem palavras.

Eis que se dá o enlace. E o sensorial é elevado à incalculável potência.
E uma força centrípeta sem par nos deixa sem certeza alguma, além da que somos epicentro.

Neste momento, alguns dizem que este gigante despatriado se acomoda no peito, apertando-o em forma de saudade, outros dizem que se expande pelo corpo todo, o dilatando em satisfação...

Por fim, é novamente uma questão de ponto de vista.



Só para finalizar. assino com essa quintilha e sua assinatura:


Hoje acordei poeta.
Há sempre um poeta em nós.
Feliz fico quando ele desperta,
Pois mesmo não sendo esteta,
Sinto não estarmos sós.

A arte?
Faça-se viva e a entenderei.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Combater o medo gerando medo??




Após longa pausa, volto a alimentar meu blog. dessa vez, ACREDITEM (POR FAVOOOOR) o farei com regularidade semanal.

Eis um texto, não bem humorado como outros que aqui postei, mas de reflexão, como outros aqui já postados.

Espero que gostem, de coração.



Homofobia? Medo de que?

Ontem, estive comentando com um amigo meu – não que faça diferença, mas um amigo homossexual – o apoio de Preta Gil aos PLs 1151/95 e 5003/01, que tratam respectivamente da união estável entre pessoas do mesmo sexo e da criminalização de atos homofóbicos.

A ambos faço questão de expressar o meu total apoio. Mas ainda faço questão de pormenorizar algumas opiniões minhas acerca dos dois projetos.

Quanto ao PL 1151/95, acho curioso observar que os ditos machões, mulheres reacionárias e afins costumam falar dos homossexuais - ou de quaisquer outras pessoas envolvidas em relações homoafetivas - como “gente de gueto”. “Seres” que se encontram à margem da sociedade como a conhecemos.
Interessante é observar que esses seres obtusos não notam que quando se fala em união estável entre pessoas do mesmo sexo está sendo dado um imenso salto para que as relações homoafetivas deixem de ser feitas às escondidas, saindo assim da suposta marginalidade sugerida pela nossa sociedade preconceituosa e de um machismo arcaico.
Tenho diversos amigos homossexuais e os únicos que apresentam problemas quanto à sua opção sexual (ou orientação, como queiram chamar) são aqueles que, impelidos por uma sociedade construída sobre o solo podre do preconceito, tentam negar o que são. Os outros encontram apenas problemas fora deles mesmos, quando se esbarrram com os verdadeiros marginais. Os soldados do preconceito. Pessoas que não se envergonham de – tal e qual nazistas, porém mais escusos e menos corajosos que os mesmos – levantar uma bandeira, geralmente inadmitida e escondida atrás de costumes vetustos, a favor de crimes de ódio. O que nos leva automaticamente ao segundo projeto de lei.

O PL 5003/01, da ex-deputada Iara Bernardi, felizmente aprovado pela câmara e em tramitação atualmente no senado, que pretende criminalizar atos de homofobia é nobre, porém incoerente na sua essência.
A Constituição Federal, que ostentamos como símbolo de justiça desde 1988, define no seu artigo terceiro inciso IV, como “objetivo fundamental da República ” o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação”. Palavras retiradas da própria Carta Magna.
Vejam bem. O povo busca lutar por criminalizar algo que já é crime, de acordo com clausula pétrea, desde 05 de outubro de 1988.

Ainda assim, sou a favor de qualquer ação que busque punir atos repugnantes como espancamento e matança de homossexuais com propósitos apenas justificáveis por pessoas doentes o suficientes para os praticarem.

Sou heterossexual, e digo isso com tanto orgulho quanto diria caso homossexual fosse, e justamente por ser heterossexual, farei mais algumas observações com grande propriedade:

Os ditos “machões” que acham justo espancar ou escorraçar os por ele chamados de “veados” e “sapatonas” têm uma heterossexualidade MUITO frágil. Será que eles precisam mesmo que a sua heterossexualidade seja vinda de um espólio de homossexuais mortos, cuja herança, por sinal JAMAIS seria destinada a eles?
Para que eles tenham a segurança de se afirmem heterossexuais, precisam erradicar o mundo dos homossexuais?
Para finalizar,vai para os homofóbicos a origem do termo:

Homo = igual; Fobos = Medo.


Ficou claro??

terça-feira, 1 de março de 2011

O que nos assusta afinal?


Caros,

Eis uma questão com a qual me deparo de quando em vez:
O que tememos?
Acordei hoje com este pensamento e súbito me veio essa poesia que decido dividir com vocês:





O medo.


A mim não aflige o medo do mal.

E não digo isso com a segurança dos bravos,
Mas com o pânico dos comuns.

Não me aflige o chifre do demônio,
Ou o soco do boxeador.
Saberei como agir diante destes,
Seja desviando ou absorvendo o golpe.

O que me aflige,
É o espinho secreto da rosa.

Soco do qual não consigo desviar,
E arranhão que merthiolate não cura.


Ângelo Pinheiro

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pensamento de fim de noite.


Boa noite, meus caros.

Estive agora em devaneios poéticos...por fim decidí postá-los aqui.


Espero que gostem.





Relativizando.


Tempo e espaço.

Duas coordenadas regentes.
Meu tempo é vão,
Pois busca no espaço um evento que jamais ocorreu.

E por mais que eu investigue a linha de tempo,
Procurando em cada mínimo espaço,
E nisso gaste todo o meu tempo,
O resultado permanecerá inalterado.

A ciência é implacável.

Ainda assim, sigo pensando.
Esvairei até o último segundo do meu tempo,
E em algum momento pensaremos juntos,
E em uma dimensão outra haverá o evento.

Pois não há lei humana que impeça duas almas de ocuparem o mesmo espaço.